O Restaurante do Fim do Universo, lançado em
outubro de 1980, é o segundo livro da série do Guia dos Mochileiros das
Galáxias. Talvez mais acostumado com a função de literato, Douglas Adams
apresenta uma escrita um pouco mais encorpada, sem, contudo, perder a qualidade
imensa que demonstrou no primeiro livro.
Sinopse
No segundo livro da série Guia dos Mochileiros das
Galáxias, os tripulantes da nave Coração de Ouro estão com uma fome grotesca e
precisam matá-la no restaurante mais próximo possível. É claro que o mais
interessado nisso é o Zaphord Beeblebox, que parece sempre estar procurando por
algo bem difícil sem que tenha ideia do motivo.
O enorme restaurante não ostenta o uso do termo
"fim do mundo" no mesmo sentido de "lugar afastado", mas por
situar-se literalmente a centenas de
bilhões de anos depois de quando viviam Zaphord, Trillian, Ford e Arthur, no
dia em que finalmente o universo vai
acabar. Sim, do ponto de vista espacial, eles queriam comer o mais próximo
possível, porém não especificaram a dimensão temporal - o restaurante fica no
mesmo planeta, mas não no mesmo tempo. Portanto, foi uma viagem no tempo, não no espaço. O restaurante fica, pois, no mesmo lugar, mas não na mesma
época.
O Restaurante do Fim do Universo, porém, não é nada
trágico. A vaca que pede para ser comida é uma das maiores atrações, além do espetáculo do fim do universo que é,
basicamente, a razão pela qual todos os clientes estão ali. O restaurante,
claro, está completamente seguro do evento derradeiro das gálaxias por ser
protegido por refinadas dobras temporais.
O robô com problemas existenciais, Marvin, continua
dando o seu toque pessimista de muito baixo astral à trama. Apesar disso, é uma
das personagens mais legais e divertidas de se ler. Eu falei pouco dele na
primeira resenha, o que é, ao mesmo tempo, triste e compreensível. Ele é
fascinante e importantíssimo, mas se eu dissesse por que, já seria um spoiler.
Pelo menos em minha interpretação, ele que é o responsável pela quebra da
máquina que põe fim à perseguição que os quatro mochileiros estavam sofrendo. O
seu pessimismo que fez com que o computador se suicidasse, causando assim o
desligamento das funções que garantiam a vida dos guardas que, por suas vezes,
perseguiam-nos. Ele não deixa de ser um dos mais importantes neste livro, mas
de uma maneira ainda mais absurdamente complexa e leal.
***
A história basicamente se divide entre três
momentos. No primeiro, eles matam a fome e se deparam com as esquisitices
temporais do Restaurante do Fim do Universo; no segundo, precisam fugir da
nave-dublê que serve ao espetáculo da banda mais barulhenta do mundo - isso
quer dizer que precisam escapar do surfe nas ondas solares da estrela que
ilumina o planeta do show. Já no terceiro momento, a questão, por assim dizer,
da busca por um sentido da vida volta a ser central.
Eles se separam ao escaparem do segundo momento.
Ford Prefect e Arthur Dent, depois de umas loucuras, vão parar em planeta muito
parecido com a Terra, só que bem menos povoado. Já Zaphord, Trillian e Marvin
procuram o homem que rege o universo, personagem fascinante que você vai pirar
se conhecer; um dos pontos mais altos do livro.
O que ficou do que passou
Como ele se dedicou bastante tempo a este livro, a
obra ficou mais bem acabada do que a primeira. Digamos que a escrita era coisa
relativamente nova para Adams quando o Guia dos Mochileiros fora lançado em
livro, cinco anos antes. No segundo, porém, bom tempo após lançamento do
primeiro, ele está mais experiente e já dá para notar maior maturidade por
parte do escritor. O segundo livro, por isso, é ainda melhor do que o primeiro,
e captura ainda mais a nossa atenção para continuar lendo a série.
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