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domingo, 10 de junho de 2018

O visitante noturno (Carlos Ribeiro)




O visitante noturno,livro de 2000, é uma coletânea de contos de Carlos Ribeiro, jornalista e escritor baiano. Mesclando escrita muito elegante com ambientações sinistras, misteriosas, o autor cria histórias bem curtas e com imagens que se instalam na imaginação. Se você não conhece o gênero dos contos pequenos, ou Shot Historys para ser mais técnico, um bom início é Carlos Ribeiro.

Aqui, vamos dividir a sinopse do livro por meio de alguns dos contos em específico. Contos que expressam bem "qual é a do"livro, já que as linhas gerais já foram ditas na pequena introdução acima.  


O visitante noturno

Explorando a ambientação psicológica em todos os momentos da trama, Carlos Ribeiro conta sobre quando uma pessoa recebe visita de madrugada, em um horário completamente sem nexo, sem que suspeite de quem possa ser. Contra todas as possibilidades e ao mesmo tempo em conformidade com elas, o protagonista pensa se uma visita nessa hora faz ou não algum sentido, e se, também, faz algum sentido atendê-la.

A visita do diabo

Mais um conto numa pegada parecida com o que falei acima, a visita do diabo desloca o enfoque de um apartamento numa cidade grande para ir pro mundo rural, com forte regionalismo na linguagem e expressando a fé do sertanejo perante uma situação conflituosa. Quando o "diabo" bate à porta o tempo inteiro sem parar, toda a família está dormindo, exceto o patriarca, que se perde na afliçâo e numa série de orações.

Os ultimos passos de Isaac

Uma cidadezinha bem afastada que é atingida pela guerra. Isaac, naturalmente, é alvo de transtornos materiais e psicológicos. Já no pós-guerra, dá-se o início de uma rápida industrialização que fascina a todos... Não a Isaac - ele percebe a ferocidade do processo de modernização, ganhando consciência de que a violência não teve fim com os termos finais da guerra, apenas foi substituída por outro tipo de dominação.

Tardes claras dos anos 60

Delírios sucedem-se pelas linhas fluídas deste pequeno conto em que não se sabe bem quem é o protagonista. Sentimentos aleatórios que se assemelham a momentos infantis na casa dos pais se alternam com cenas violentas, em que penso que a personagem é na verdade a morte. De qualquer modo, a interpretação é bem subjetiva.


Vozes do tempo

Este foi o meu preferido. Nele, o/a protagonista conta um sonho muito marcante, segundo o qual ele morou durante longos anos numa casa imensa, uma enorme construção com labirintos sem fins, um casarão em que os limites são desconhecidos. Lá ele não errava, não passava vergonha nem tinha alegrias, ou seja, não vivia. Deste sonho ele volta pra realidade e tenta interpretar sua própria experiência conforme as lições que aprendeu. Não posso contar mais do que isso.


O que ficou do que passou

Já percebeu o tanto de escritor bom que é ou começou como jornalista? Bom, a gente acha muita coisa ruim vinda de jornais por aí, mas, no essencial, as matérias jornalísticas boas são como histórias: elas contam — com início, meio e fim — histórias cujo material é a experiência humana. Os e as jornalistas que o fazem com qualidade e dedicação abrem caminho para a carreira literária e nos presenteiam com verdadeiras obras de arte, tanto na comunicação midiática quanto na literária.


O baiano Carlos Ribeiro não é nenhum iniciante na literatura, mas já fica de indicação para você que quer novas descobertas literárias brasileiras. 

Um comentário:

  1. Matheus: uma alegria descobrir aqui seus comentários sobre um livro que me é caro e que já está há muitos anos fora de catálogo. Um grande abraço e meus votos de que continue divulgando o que há de bom em nossa literatura.

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