Lançado originalmente em 1996, Na natureza selvagem
é um complexo trabalho jornalístico de Jo
n Krakauer, ex-aventureiro escalador que se tornou um jornalista muito atuante, o que sem dúvida teve influência no finíssimo resultado do livro. Uma refinada organização de ideias permite que a obra seja lida como se fosse um romance de ficção — o autor constrói uma narrativa diferenciada, daquelas que começam pelo final e não se esforçam em deixar algum mistério sobre o que vai acontecer depois: não é bem o desfecho que interessa ao leitor, mas sim a explicação para ele. Afinal, o que motivou Chistopher McCandless a largar uma vida confortável para procurar a natureza selvagem?
n Krakauer, ex-aventureiro escalador que se tornou um jornalista muito atuante, o que sem dúvida teve influência no finíssimo resultado do livro. Uma refinada organização de ideias permite que a obra seja lida como se fosse um romance de ficção — o autor constrói uma narrativa diferenciada, daquelas que começam pelo final e não se esforçam em deixar algum mistério sobre o que vai acontecer depois: não é bem o desfecho que interessa ao leitor, mas sim a explicação para ele. Afinal, o que motivou Chistopher McCandless a largar uma vida confortável para procurar a natureza selvagem?
O livro inspirou um filme do mesmo nome que se
tornou muito conhecido para todos os bichos-grilos, aventureiros, curiosos que
assistem a Tela Quente ou simplesmente amantes do cinema, ou da “sétima arte”,
como diriam os maiores nomes do transporte alternativo do Brasil no Choque de
Cultura.
Sinopse
Conta-se a história de Christopher McCandless, 23
anos, recém-formado em História. Concluídas as suas obrigações acadêmicas, o
jovem de classe média ignora a possibilidade de estudar Direito em uma
instituição renomada, doa todo o dinheiro da poupança acadêmica a uma
instituição beneficente e parte para uma viagem tão louca quanto espiritual, em
busca do Alaska, região naturalmente não muito hospitaleira que por suas
paisagens meio contemplativas e góticas exerce fascínio em aventureiros da
América do Norte, especialmente nos estadunidenses. Lá chegando, se estabeleceu
num microônibus que por isso se tornou famoso no mundo inteiro. O autor conta até
por que o veículo foi parar naquele local tão afastado. Também deixa para trás
seus pais, sua irmã e tudo o que vivia antes.
Por isso, Krakauer também dedica parte do livro a
contar a trajetória de outros aventureiros, para assim ficar perceptível em que
medida tais vagabundos errantes se parecem uns com os outros e o que os
diferenciam. Ele pormenoriza especialmente as vidas de Russellini e Everett
Ruess. Ambos, assim como Krakauer, foram ou ensinados pelos pais ou aprenderam
de alguma forma a acampar, além de serem esportistas dedicadíssimos,
disciplinados quase ao ponto do profissionalismo.
O próprio McCandless, que assumiu o alter ego de
Alexander Supertramp durante quase toda a sua aventura, ajudou Krakrauer na
escrita por ter um contato íntimo com a escrita durante suas andanças. MacCandless
era um ardente escritor de diários, quase sempre registrando pelo menos uma
frase para cada uma das situações pelas quais passou. Outro material, essencial
neste caso, foram os relatos das pessoas que conviveram com ele durante sua
misteriosa viagem – tão misteriosa que nem um detetive a serviço dos pais
conseguiu localizá-lo. Mas isto está muito bem explicado no livro.
O
que ficou do que passou
O livro é tão inspirador quanto o filme, embora a
produção do cinema seja menos jornalística e mais focada em uma narrativa que
tem muito do tom lúdico de filmes ficcionais. Não é exagero quando algumas
pessoas dizem que o filme realmente mudou seus planos de vida — agora eu sei
que tampouco o será com o livro, também muito inspirador e ainda mais completo,
mostrando outras histórias de gente errante e alguns detalhes que uma produção
cinematográfica não conseguiria atingir. Cada plataforma (cinema; livro),
portanto, se completa.
O autor, apesar de ser meio entusiasta da vida de
McCandless, não se furta a criticá-lo e durante todo o livro apresenta várias
visões sobre os feitos do andarilho, tanto opiniões e estudos negativos quanto
positivos, concordando com alguns e discordando de outros. O livro é bem mais
potente em desmistificar algumas passagens da vida de Chris, até porque não
poupa esforços em explanar toda o esforço de pesquisa feito por Krakauer.
Jon Krakauer também escreveu O ar rarefeito (1998), livro de grande difusão, Sobre homens e montanhas (1999) e Pela bandeira do paraíso (2003).
Contribui para diversos jornais e se mantém ativo na escrita até hoje.
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