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domingo, 4 de novembro de 2018

Sobre a escrita: a arte em memórias (Stephen King)




Stephen King é um escritor em tempo integral, roteirista quando lhe dá vontade, leitor insaciável e um crítico tão duro quanto os que o fazem sofrer toda vez que lança algo mediano - ocupações que fazem dele o autor que mais me fascina atualmente. Apesar de ser “apenas” o rei do terror, o horripilante romancista também tem vários trabalhos na área da ficção científica, outros muito interessantes de não-ficção e até uma ou outra obrinha com casaizinhos fofinhos que, se eu ler sem que saiba quem é o autor, nunca me arriscaria a dizer que é dele, além de, cá entre nós, ter nos deixado até livros ruins também.
Mas o assunto hoje não é a ficção, que o tornou mundialmente conhecido, e sim Sobre a Escrita: A arte em Memórias, um livro de não-ficção que mescla autobiografia com, digamos, algumas dicas apresentadas de maneira bem divertida sobre o que um escritor iniciante pode e não pode fazer para que seu trabalho siga em frente.

Sinopse

Contando desde quando se tornou conhecido por escrever livretinhos na escola com histórias nada exemplares e por isso ter recebido críticas mais que letais da direção da escola, também sobre os romances inteiros que escreveu sob efeito de álcool e cocaína, também como se limpou completamente e tocou a sua vida com lucidez, King introduz elementos simples e mais complexos acerca de como se escrever um texto em que o leitor dê suspiros, risadas, receba sustos e derrame lágrimas.
O escritor estadunidense parte da definição do que é escrita: para ele, é nada mais nada menos do que telepatia, pois não dá para saber de onde vem e como se materializa os fluxos de pensamento de quem escreve. Além disso, existe uma ressalva: não é possível você aprender a ser o melhor escritor, mas, se escreve mal, é possível aprender a escrever; caso escreva medianamente, é possível, com dedicação, aprender a escrever bem; se você escreve bem, é possível, também com dedicação, aprender a escrever com excelência.
Uma das dicas mais importantes é a criação de uma caixa de ferramentas igual à de um relojoeiro, um compartimento cultural com itens diversificados como um vocabulário bacana, filmes, livros –  ah, livros! Especialmente livros –, séries e o consumo diário de fontes culturais que te interessem. Além disso, sem a disciplina de escrever, não dá para aprender a escrever. Ler e observar é indispensável, mas escrever é essencial.

O que ficou do que passou

King ensina por meio de histórias, o que é muito atrativo para o jeito como apreendemos o mundo. Nossa válvula de absorção de conhecimento engrena melhor com narrativas. É uma maneira leve de se passar alguma mensagem, um tipo de transmissão de ensinamentos que vem passando e passando desde nossos ancestrais.
A liberdade criativa de Stephen King, dentro de um livro que uma pessoa lê para ter mais base pra escrita, faz com que este seja a melhor leitura quando o assunto é se aprofundar nos mecanismos de escrita de ficção e de outros textos. Os capítulos fluem como se estivéssemos em uma conversa agradável sobre temas ácidos e intrigantes com... o rei do terror!: um velho que escreveu um livro sobre a arte de escrever pouco antes e até depois do acidente que quase tirou a sua vida (não conto mais nada, se você quiser saber mais, leia o livro! Haha)
A gente chega em Sobre a escrita para avaliar a própria escrita e tentar melhorá-la, mas, durante a leitura, a ideia muda um pouco e King vira um personagem de King! Sim, a história dele nos pega de surpresa e, de repente, é sobre ela que queremos ler. Você vai descobrir que um escritor e leitor de décadas e mais décadas de experiência e sucesso não passa de mais um humano, como nós mesmos, que teve que lidar com muita produção ruim até que se sentisse um pouquinho só satisfeito consigo mesmo.







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