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segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Deixa eu te apresentar - Entrevista com a Autora Chiara Ciodarot


Hoje trazemos uma entrevista exclusiva com a autora dos romances de época A Baronesa Descalça e Inconveniências de um casamentos da série Clube dos Devassos. Vamos conhecer um pouco mais da autora e de seus livros?


Alfarrábios Literários:  A série Clube dos Devassos é ambientada no Brasil em meio a escravidão um período ainda pouco esclarecido para o povo brasileiro, no livro o contexto histórico é fortemente trabalhado. Fale um pouco sobre seu processo de pesquisa?

Chiara: Meu processo de pesquisa começou bem antes da Coleção. Eu já tinha outros romances escritos neste período (todos históricos). A pesquisa em si vem do meu background acadêmico (fui bolsista em pesquisa na Graduação e no Mestrado). Sempre amei ir atrás dos fatos, versões, histórias, tudo o que podia, e sempre amei arquivos. Quando terminei o Doutorado, decidi cair de cara nas minhas pesquisas e passei quase 2 anos só lendo sobre Escravidão, Abolição, Segundo Império. Foram muitos livros, teses, jornais, textos da época,... Inclusive, indico dois lugares fantásticos para tal: Hemeroteca da Biblioteca Nacional e a Biblioteca Gita Mindlin, na USP. Achei muito material em ambas, sem sair de casa, em especial na Mindlin, em que diversos livros publicados no Segundo Império, e hoje esgotadíssimos, discorrendo sobre o próprio período. Também li manuais de cultivo de café, de economia, de tudo um pouco e, de preferência, confrontando informações. Munida disso, comecei a montar a história e os personagens e ai, começou a segunda parte de pesquisa: a detalhada. Segundo a necessidade de uma cena, de um capítulo, da narrativa, eu procuro pontualmente ler sobre o assunto.Antes de começar a escrever um livro eu sempre faço uma pesquisa geral, para saber da época ou lugar sobre o qual vou falar.

Alfarrábios Literários:  Quais foram suas inspirações para desenvolver os personagens Montenegro e Amaia ( A Baronesa Descalça)?

Chiara:  Amaia foi a Scarlett O'Hara interpretada pela Vivien Leigh, no filme E o Vento Levou. Cresci assistindo esse filme e meu primeiro romance de época tinha que ter uma homenagem a ela e a história da Margareth Mitchell. Já o Montenegro é a copilação de tudo o que acho atraente num homem ficcional: mistério, ironia, força, proteção, esteio... E visualmente, para mim, ele tem a cara do Tom Hiddleston.
 Todo personagem que crio tem que ter um equilibro, uma luz e uma sombra. A Amaia é flerteira e coquete mas tem uma determinação e um senso de igualdade que são admiráveis e que se não fosse por isso, seria apenas uma menina mimada. Ao longo do livro, ela vai crescendo e a força dela vem das mulheres abolicionistas, que começaram a aparecer nos meados do século XIX lutando pela Causa. E confesso também que tem um pouco de Eufrásia Teixeira Leite na minha inspiração da Amaia.
 Já o Montenegro foi se criando no próprio texto. Nem eu conhecia ele direito antes e ele foi se apresentando, mostrando até para mim a que veio e delineando a sua própria personalidade a cada cena.

Ps: Precisamos de mais Montenegro no mundo real!

Alfarrábios Literários: Se no primeiro livro a Baronesa descalça temos um homem moldado em força e seriedade no segundo Inconveniências de um casamento temos um poeta que super valoriza a mulher. Qual deles demandou um desafio maior?

Chiara: Confesso que eu não queria escrever a história da Caetana e do Canto e Melo. Não acreditava neles como personagens suficientemente dimensionais para ter um livro só deles. Com a insistência das amigas, resolvi dar uma chance e ver qual a história que eles me contariam. Como o Montenegro, eu não tinha a personalidade deles bem delineada e eles foram se apresentando a mim aos poucos. Fui descobrindo as facetas da Caetana e do Canto e Melo durante a escrita do livro. No caso do Canto e Melo, em comparação ao Montenegro, eu nem estava muito animada em escrever. No entanto, quando ele começou a fazer poesias e mostrar que ele tinha um respeito pelas mulheres, suas musas, eu comecei a admirá-lo.
 O Canto e Melo foi muito mais difícil de escrever, pois ele não poderia ficar bobo, com os momentos cômicos dele, nem poderia soar irreal demais. Com certeza foi mais difícil cria-lo.

Alfarrábios Literários:  Você já pensou ou já escreveu  outro gênero? Se sim qual seria?

Chiara: Eu tenho publicados outros dois livros de gêneros diferentes: Noites Pretas e Brancas (drama psicológico) e Teatro de Vampiro (sobrenatural jovem adulto).

Ps2: Quero ler os dois agora!

Alfarrábios Literários: Quais dicas você daria aos novos autores que estão escrevendo seu primeiro livro, ou que sonham escrever?

Chiara: Leia muito e escreva muito. É durante a leitura que temos ideias e durante a escrita que enxergamos o texto e os personagens. Quanto mais páginas lidas e escritas, mais perto da sua própria voz literária você vai chegar. E não desista, porque vai parecer o mais fácil quando você começar.

Alfarrábios Literários:Será que podemos esperar pelo livro do misterioso Estevão ainda este ano? E quais seus planos futuros?

Chiara:   Sim, vocês vão conhecer o Estevão este ano (se tudo der certo) e ainda outro devasso que seria um dos fundadores: Luiz Fernando Duarte. Este Spin-off também sai este ano.
 Pretendo terminar a série e partir para outro período da história do nosso Brasil. Em paralelo, tenho alguns projetos novos, mas ainda é segredo.

Estamos aguardando ansiosamente pela continuação da Série  Clube dos Devassos e novos projetos.
Agora se você ainda não conhece os livros publicados da série, confira nossas resenhas:
 

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