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domingo, 21 de outubro de 2018

Aniquilação (Jeff VanderMeer)



Aniquilação, lançado em 2014, é o primeiro livro da trilogia Comando Sul, uma série escrita por Jeff Vandermeer, autor, escritor e crítico literário estadunidense. Essa mescla de ficção científica e terror psicológico se destaca atualmente por causa de sua adaptação para um filme homônimo feito pela Netflix. Ao mesmo tempo em que só existem cientistas como personagens, o silêncio, o medo à espreita e outros elementos de suspense e terror mostram o quanto a história promete.
O estilo simbólico do autor aparece também em vários outros livros, pois Vandermeer é um escritor muito produtivo. Aliás, as capas provocam curiosidade a nível máximo, e os títulos também são curiosos. Entre essas outras obras do autor (que não consegui atestar se existem em português), estão: Autorithy (2014), The Steampunk Bible (2010), Secret Life (2003).
Sinopse
O livro, narrado em primeira pessoa (aquela narrativa em que uma pessoa conta uma história vivida por ela mesma) pela Bióloga, fala sobre quando o governo destaca a 12ª expedição para a Área X, um local onde acontecem coisas macabras e inexplicáveis e que há pelo menos três anos deixou de abrigar humanos.
O objetivo da missão é atingir enfim a compreensão do que se passa na área, por isso, só participam cientistas. Mas o que aconteceu com as outras expedições? Ou os especialistas morreram, ou desapareceram, ou voltaram estranhos, ou voltaram sem lembranças. A expedição de agora conta apenas com mulheres e elas, por motivo de segurança, não sabem nem os nomes umas das outras. Nem nós, leitores, sabemos, para falar a verdade.
A personagem principal é a Bióloga, mas o grupo também conta com a Psicóloga, a Topógrafa e a Antropóloga. Elas chegam treinadas pelo governo, mostrando certa habilidade para controlar suas emoções em uma área onde o silêncio oprime e a paisagem é sinistra e bela, ao mesmo tempo.
Um fato que é bastante ressaltado pela Netflix desde o começo, mas, no livro, só aparece aos poucos, é o de que o marido da Bióloga morreu pouco antes dela ter decidido participar do projeto. Ele era médico e também um expedicionário da Área X, e morreu por causa de complicações em função de acontecimentos misteriosos lá dentro.
Desde os primeiros momentos, o escritor bombardeia o leitor com alguns pequenos mistérios, como um gemido profundo que ressoa pouco depois do pôr do sol, a paisagem sombria, a quietude opressiva e a paisagem que parece ter forma animalesca. Esse local parece esconder algo de muito importante. A área X, inclusive, não é estática, não está em seu limite: ela avança de pouquinho em pouquinho todos os anos e ameaça invadir grandes porções de terras e até cidades.
O que ficou do que passou
As personagens começam muito formais. Depois de algumas cenas a escrita fica um pouco mais leve e os personagens, menos esnobes. Dá para entender o que ela quer passar e por que faz assim, afinal estamos falando de um grupo de cientistas praticamente estranhas umas às outras, porém, personagens que falam como se tivessem lendo um script é desanimador. Depois que a história avança, o livro se torna tão empolgante quanto um filme sinistro. Digo isso para você não desistir no começo. Vale muito a pena.
A ambientação psicológica está presente em quase toda a história, principalmente em torno do silêncio que paira sobre a Área X. Uma calma estranha demais para ser de serenidade. Outra curiosidade é o tanto de simbolismo religioso num livro de ficção científica. Várias inscrições com um vocabulário todo rebuscado, poético e místico, ocupando lugar importante no ideário da história.
Uma das coisas que mais importam ao se imaginar a história, porém, são as cenas: visuais lindos, sinistros e coloridos (a cor é ressaltada principalmente no filme). É no que está à espreita que reside o medo. Você vai notar que existem diferenças de roteiro e até de personagens na comparação entre o livro e o filme, mas ainda assim só servem para a gente gostar ainda mais da história.
Se o livro te interessar como aconteceu a mim, a continuação se desenrola com Autoridade (2015) e Aceitação (2016). Para livros do autor que não são desta série, já deixei algumas indicações, é só voltar um pouquinho na introdução desta resenha.





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