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domingo, 17 de junho de 2018

Guia dos Mochileiros da Galáxia (Douglas Adams)




Houve um tempo em que o universo carecia de um Guia definitivo para as viagens intergalácticas. Os mochileiros que se arriscassem a viajar pelas vias expressas intergalácticas viam-se obrigados a pegarem um manualzinho de viagens vagabundo, ou até a viajarem ao léu. Douglas Adams, percebendo a carência e ignorância dos mochileiros terrestres, divulgou para o nosso planeta, em 1978, o Guia mais completo já existente, ao qual chamamos de Guia dos Mochileiros da Galáxia. O problema principal é que apenas dois humanos podem ler o livro, já que foram os únicos sobreviventes da demolição da terra. Mas isso já é outro assunto.

Bom, mas falando um pouco mais sério, Douglas Adams se notabilizou por escrever roteiros para o Monty Phyton’s, além de ter escrito até livros de não-ficção, na área de biologia, sendo ele um ambientalista. A sua afeição à tecnologia é um dos traços mais marcantes de inspiração para a criação de Guia dos Mochileiros das Galáxias, titulação do primeiro livro e também da série completa. A diversificação de interesses fez com que, nesta obra, o autor criasse praticamente um novo vocabulário próprio, cheio de equipamentos com terminologias próprias, sem falar das sátiras gramaticais, políticas, sociais e econômicas.

Quando você, leitor/a, estiver lendo páginas e páginas seguidas em que o único adjetivo que estiver conseguindo resgatar à mente for "genialidade", nada menos do que isso, se espante com essa informação: Adams tinha muita dificuldade em escrever. As páginas escritas por ele só existem por muito esforço e agonia, de modo que o autor, além de demorar relativamente um bom tempo entre um e outro livro da série, sofria bastante com bloqueios criativos.

Sinopse

Atenção! Parece uma revelação do enredo, mas não é: a terra foi demolida. Arthur Dent, protagonista da história, estava em um dia particularmente tranqüilo quando a terra teve o seu fim — o que certamente deve ter cortado e muito aquela brisa —, só sobrevivendo porque um alienígena o ajudou, uma criatura que se disfarçava de ator desempregado e tinha muita habilidade em conseguir caronas intergaláticas. Por acaso, também um colaborador do Guia dos Mochileiros da Galáxias, uma enciclopédia gigantesca sobre os detalhes maiores e os mais ínfimos do universo.

Além da amizade desses dois, conhecemos Zaphord Bebleebox, o presidente intergalático que nunca conseguiu deixar de ser um mochileiro, ou ao menos não em seu coração; e Trillian, uma humana que conheceu Zaphord seis meses antes da destruição da terra.

A bordo da nave Coração de Ouro, uma máquina com o esplendoroso Gerador de Improbabilidade Infinita — algo que pode colocá-los em situações extremamente improváveis —, eles escapam de perseguições incessantes e tentam encontrar um sentido para a existência.  No primeiro livro, após escaparem da demolição da terra, esses quatro iniciarão uma longa peleja contra os vogons, raça responsável por terríveis torturas à base de sua poesia, a terceira pior do universo. Os vogons são violentos por essência, e sempre procuram situações nas quais possam descontar todo o ódio que guardam em si.

O que ficou do que passou

Bom, a história em si notabiliza-se por não se ater a fios lógicos muito trabalhados. Porque, pra falar a verdade, se tudo se encaixasse perfeitamente, a obra não seria o que é. Não é nesse livro que será possível encontrar o segredo roteirístico dos clássicos. Mas a criatividade é elevada a níveis que talvez você não acreditava serem possíveis... até o momento em que decidiu ler o Guia dos Mochileiros das Galáxias.

A sátira é uma característica constante nas tramas. Ela se encontra em variados momentos e em diversos temas, principalmente em relação ao poder e ao que se chama de "alta cultura". Zaphord é o personagem para o qual são direcionadas as críticas relativas ao poder - o presidente não tem absolutamente nenhuma obrigação em administrar; ele apenas desvia a atenção do poder -, já as poesias ruins e pedantes dos vogons mostram o ridículo de algumas formas expressivas aristocráticas e acadêmicas.

Resumindo: Douglas Adams é simplesmente um dos escritores mais geniais que eu já li. É espantosa a forma como ele consegue emplacar várias páginas de pura genialidade; várias páginas que deixam incontrolável a vontade de ler pra todo mundo que estiver ao lado. Está mais do que indicado a quem quer que seja. Meus irmãos já estão lendo, meu pai vai ler e é provável que muitas outras pessoas que eu conheço farão o mesmo. Não consegui ficar sem falar dele em qualquer das conversas que tive nos últimos dias... E já passei para o segundo livro da série, o que não era pra eu fazer tão cedo, porque é melhor ler devagar algo tão bom.

*Lembrando que este é apenas o primeiro da série de cinco livros. Todos serão resenhados aqui no Alfarrábios, é só aguardar. 

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