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domingo, 1 de julho de 2018

Achados e perdidos (Stephen King)



Escritor incessante de horror há décadas, lançando frequentemente mais de dois títulos por ano, Stephen King continua demonstrando ser capaz de se reinventar - apesar de já ter falhado grotescamente, no meio do percurso, em função do apelo comercial. Em Achados e Perdidos, segundo livro da trilogia Bill Hodges, King se desafia a escrever um romance fortemente histórico mantendo as características macabras (um pouco menos acentuadas do que em outros livros, mas ainda bem presentes). Os acontecimentos medonhos são obras de pessoas, não de entidades sobrenaturais, o que dá um toque realista e mostra que o ser humano é que é realmente assustador.
Confesso que peguei o livro atraído pelas sinopse e capa, num passeio em uma livraria, por isso comecei pelo segundo título da série. Mas não me arrependo. Dá para se viciar na história mesmo sem saber que ela faz parte de algo maior.

Sinopse

O romance começa mesclando cenas de 1978, com Billy, e outras a partir da crise de 2008, que vitima economicamente a família de Peter, um garoto que se sente diretamente responsável pelos rumos das pessoas do seu sangue..

O escritor Rothstein, controverso entre críticos e popular entre leitores, criou um protagonista de sua principal série de livros que marcou uma geração inteira de machões pelos EUA. Jimmy Gold, jovem doidão e futuro pai em busca do sonho americano, legou uma lendária frase motivacional: "Essa merda não quer dizer merda nenhuma".

O resultado de tanto carisma foi que um leitor, digamos assim, conturbado e escroto, mudou completamente a sua vida depois da leitura do livro. Billy se decepciona quando Jimmy Gold muda seu rumo para a busca do Ouro Americano. Contrafeito, ele vai atrás de Rothstein e o ASSASSINA - sim, isso mesmo - por causa do desapontamento.

Como Rothstein passou os últimos dezenove anos recluso, sem nada publicar e sem aparecer de nenhuma forma para o público, tudo o que ele escrevia estava manuscrito em cadernos. Além disso, guardava dinheiro. Bastante dinheiro. Billy pega mais de vinte mil dólares e os cadernos Moleskines do seu herói assassinado, guarda num baú e o enterra. O grande impasse que surge depois é que ele pegou prisão perpétua; sobre o crime, posso dizer que não foi o mencionado acima.

***

Mais de trinta anos depois, por um acaso, Peter - o menino que também por coincidência reside na mesma casa em que vivia Billy - encontra o baú no qual Billy enterrou toda aquelas joias do Rothstein. A grana que estava lá poderia muito bem ser usada para retirar a família da lama. Só que o mais valioso de tudo aquilo eram os manuscritos originais do que pareciam serem continuações da saga de Jimmy Gold - valor não só do ponto de vista artístico; o dinheiro que se podia ganhar com aquelas relíquias excediam os milhões.

A história ganha contornos definitivos quando Billy consegue liberdade condicional por bom comportamento, saindo da prisão com enorme vontade de reaver a relíquia que constitui o que fez de mais importante em sua vida. O que Peter, por sua vez, fez com o baú legado por Billy?

O que ficou do que passou

Podemos ressaltar a forma hiper atrativa com a qual King conduz as tramas, sempre alternando bem os momentos mais frenéticos com as quebras de tensão. Capítulos curtos contribuem decisivamente para o desejo constante de continuar lendo o livro sem parar nem para tomar água/ comer.

Para além disso, só posso dizer que o livro é realmente muito, mas muito legal mesmo. É a primeira história de King que leio por completo, em minha segunda tentativa. Já havia tentado ler Desespero e gostei muito, porém, por algum motivo, sem atingir um ritmo de leitura fluído, não concluí. Stephen King prova mais uma vez que ainda é capaz de encontrar  histórias complexas no fundo do seu prodigioso cérebro, daquelas que só ele tem o jeito de contar.



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